terça-feira, 31 de março de 2009

eu vou chamar o síndico!

O 1º Art. da lei municipal Nº 11.995 de 16 de janeiro de 1996, diz que “Fica vedada qualquer forma de discriminação em virtude de raça, sexo, cor, origem, condição social, idade, porte ou presença de deficiência e doença não contagiosa por contato social no acesso aos elevadores de todos os edifícios públicos municipais ou particulares, comerciais, industriais e residenciais multi-familiares existentes no Município de São Paulo.”

Essa foi a lei que gerou a famosa plaquinha:


Acontece que ontem ao ir embora do escritório eu entrei no elevador e me deparei com duas mulheres de cor laranja discutindo o que deveriam ou não vestir de acordo com seus personal stylists.

A terrível verdade veio à tona: eu tenho preconceito de cor. Eu não gosto de pessoas laranja. Caso eu evite compartilhar o espaço com essas pessoas eu estarei infringindo uma norma? Posso ser multada por não querer embarcar no elevador com esses Oompa Loompas de 1,65m?




Fica o questionamento.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ora sapos!

Baseado em fatos surreais:

Ele se achava um sapo daqueles bem verdes e gosmentos.
E via nela uma princesa, das mais graciosas, lindas, cor-de-rosas, cheirosas, encantadoras, perfeitas que ele já tinha visto.

Há muito tempo, ele passou a olhar para ela com olhos de príncipe. Ela nunca notou. Ou nunca quis notar.

De tanto que se esforçou para ser príncipe, nunca notou que ela era, na verdade, uma sapa que procurava por um príncipe de verdade.
Ele não notou que nunca seria bom para ela, pelo simples fato de eles serem o mesmo, e esperarem pelo mesmo - ele procurava uma princesa, ela, um príncipe.

Mas ele não viu. Escorregou em suas próprias ilusões e deixou-se levar por elas: viu vários príncipes ao redor de sua princesa imaginária, alguns até existiam, outros não. Quis lutar com todos.
Bateu pino. Lutou contra moinhos de vento achando estar combatendo o grande inimigo.

Vendo que ela achava tudo aquilo muito estranho, quase repulsivo, ele resolveu coachar.

E coachou para ela durante várias madrugadas. Dizia que tinha certeza de que merecia ela. De que merecia que todos os seus sonhos fossem realizados. De fato ele merecia, era um sapo bom. Mas ele estava sonhando errado.

Ela tentou por diversas vezes mostrar-lhe a realidade, não tentando colocá-lo em seu lugar, mas sim mostrando para ele quem ela era, e o que buscava para si.
Mas ele não quis enxergar. Tinha certeza das coisas erradas. E fantasiava cada vez mais.

De tanto tentar ser o príncipe, virou madrasta. Tudo o que ele fazia parecia ameaçar o brilho natural dela. Toda energia era negativa e todo apelo, desesperado.

Esse conto não ainda não terminou, mas sei que terá um final feliz. Na verdade, dois: um para ele e outro para ela.

"costuro seu nome na boca do sapo!"

segunda-feira, 2 de março de 2009

((

Naquela noite, ela olhou para o céu e viu a lua.

A lua estava sorrindo. Como o gato da Alice. Ou até mais.

Naquele momento ela sabia de que por mais incertos que tivessem sido seus caminhos até então, ela estava certa.

Como alguém poderia ter tanta certeza de algo que não conhecia, de alguém que nunca havia visto, de lugares onde nunca havia estado?

Ela tinha. Tinha certeza de que as incertezas da vida eram o que deixavam tudo mais belo e delicado. E se divertia com isso.

E por mais que às vezes se sentisse grande demais e de vez em quando ficasse pequenininha, sabia que o País das Maravilhas estava logo ali. E que disso ela não abriria mão, mesmo que quisessem sua cabeça.

Naquela noite, ela olhou para a lua e riu mais alto que o céu.